Dra Noélia Arruda

Quando um casal pretende realizar o sonho da parentalidade não deve esperar mais de 6 a 12 meses para marcar uma consulta de ginecologia, com um médico com especialidade em fertilidade. De acordo com a literatura, 40% da responsabilidade da (in)fertilidade diz respeito ao sexo feminino, 40% ao sexo masculino, 15% à incompatibilidade do casal e 5% às causas inexplicáveis.

Na consulta para a fertilidade devem-se solicitar análises laboratoriais gerais, tanto para o homem como para a mulher. Tais como: hemograma, leucograma, perfis metabólicos – lipídico e glucídico – (colesterol, triglicéridos, glicemias), perfil adrenal (cortisol), perfil da tiróide (TSH, T3, T4), minerais (ferro) e vitaminas (vitamina D) e metais tóxicos (mercúrio). No homem deve ainda avaliar-se a testosterona e na mulher devem avaliar-se as hormonas sexuais femininas, nas fases específicas do ciclo menstrual.

Após essas análises e respetivo parecer da consulta de ginecologia/fertilidade, o passo seguinte é a consulta de nutrição funcional e holística, que se torna coadjuvante nesse caminho. Através da realização de uma anamnese exaustiva para avaliar os hábitos alimentares, higiene de sono, avaliação da saúde intestinal, enquadramento profissional, estilo de vida, entre outros parâmetros; com o objetivo de identificar quais os disruptores endócrinos que podem estar a influenciar a fertilidade.

Como a fisiologia do homem é diferente da mulher, poderá ser necessário requerer exames específicos para cada um dos futuros pais. Vejamos quais nos próximos parágrafos.

No caso do homem:

  • Realizar um espermograma e avaliar a taxa de fragmento do DNA espermático são os exames básicos e aos quais a nutrição dá excelentes respostas;
  • No seguimento dos resultados, é importante avaliar causas pré testiculares (hipotiroidismo, diabetes, obesidade, tumores), causas testiculares (doenças nos testículos, como varicocele, quimioterapia, infecções), causas pós-testiculares (que impedem a saída dos espermatozóides) e causas desconhecidas, onde a alimentação e a nutrição podem ajudar a silenciar vários parâmetros menos adequados.

No caso da mulher:

  • Devem fazer-se exames do foro ginecológico e anatómico a fim de perceber se existe algum bloqueio que impeça a fertilidade e/ou conceção. Deste modo, na mulher é importante estudar cada uma das etapas de fertilidade: processo de ovulação, formação do corpo lúteo, libertação do oócito nas trompas, falha de fertilização do espermatozóide ou bloqueio anatómico das trompas.

Na mulher podemos considerar alguns dados já estudados:

  • 45% de infertilidade diz respeito ao fator hormonal/ovariano, em que há alterações hormonais e de ovulação (baixa reserva ovariana, síndrome do ovário poliquístico, excesso de peso/obesidade, alterações na tireoide e/ou prolactina elevada);
  • 35% da infertilidade deve-se ao fator anatómico, em que há alterações no trato reprodutor (miomas, pólipos, quistos, malformações uterinas);
  • 15% está relacionado com uma patologia designada de endometriose;
  • 5% provém de causas inexplicáveis, que podem ser causas genéticas cromossómicas ou fatores imunológicos.

Por fim, é importante salientar toda a envolvência emocional que os casais depositam nos profissionais de saúde para os orientarem da melhor maneira a realizarem o tão desejado sonho de serem pais. Assim, é crucial que os casais sintam que estão num caminho consciente e que têm os esclarecimentos necessários para tomarem as melhores decisões.

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