Dra Noélia Arruda

Na gravidez, a “dieta” deve ser planeada e personalizada, e com uma estrutura alimentar de acordo com as necessidades específicas para a saúde da grávida e para o desenvolvimento saudável do bebé. Por isso, a grávida naturalmente altera a sua composição corporal.

O aumento do peso na gravidez é multifatorial, ou seja, as alterações na composição corporal dependem de vários fatores, como as alterações metabólicas e hormonais: alterações da microbiota, peso dos produtos de conceção e dos tecidos corporais maternos.

Podemos dizer que dieta é tudo o que se inclui na alimentação (dieta mediterrânea ou dieta vegetariana) ou então que, dieta é uma restrição alimentar específica devido a uma determinada patologia (dieta para a doença renal).

Quando se diz “…fazer dieta” o conceito está muito enraizado na restrição ou privação. Por isso, sugiro que falemos em estratégias para melhorar a dieta, alimentação saudável ou mudanças dos hábitos alimentares.

As maiores preocupações da grávidas, muitas vezes, centram-se em não aumentar demasiado peso na gravidez, contudo, ainda há a ideia de que a grávida deve comer por dois e isso aumenta em demasiado os consumos alimentares.

As grávidas devem comer em média mais 15% do valor calórico que consumiam antes de engravidar e esse aumento de consumos devem ser a partir do 2º trimestre porque é quando o bebé começa a crescer mais rapidamente e necessita de mais energia para o seu correto desenvolvimento intrauterino.

A nutrição deve estar baseada na alimentação saudável, completa, equilibrada e variada.

Devem ser respeitados os princípios standard de uma alimentação funcional e as recomendações são as seguintes:

  • Consumir de proteínas de alto valor biológico, como carne, peixe, ovos e leguminosas (feijão, grão, lentilhas);
  • Consumir todo o tipo de legumes e vegetais e variar entre cozinhados e crus (desinfetados);
  • As frutas devem ser, de preferência, sempre da época com ou sem casca, devendo ser desinfetadas caso tenham casca;
  • Consumir cereais ancestrais e integrais, como os flocos de centeio ou de aveia;
  • Preferir as batatas (doce e branca), arroz integral ou selvagem, a quinoa e o trigo sarraceno;
  • Utilizar alimentos fontes de cálcio, como os queijos frescos de vaca ou de cabra ou iogurtes naturais;
  • Preferir gorduras ricas em ómega-3: como o azeite, os peixes do mar e os frutos secos.

A determinação do peso, em kg, que a grávida pode ganhar ao longo da gravidez deve ser baseada num cálculo com o peso que a mulher tinha antes de engravidar. Contudo, eu recomendo, em consulta, que o aumento do peso deverá ser, só e apenas, o somatório entre produtos de conceção, os tecidos corporais maternos e o peso do bebé.

E isso resulta num valor que deve variar entre os 8 e 10kg, com consciência alimentar e com a dedicação ao momento mais importante da vida – a gravidez!

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